Ela não pretendia ter mais filhos, tinha três, dois homens e uma mulher. Mas numa dessas noites que eles transbordavam alegrias, após sorverem borbulhante Moet Chandon, no outono de suas vidas, eles resolveram se amar intensamente. Na luxuriante noite, reservas à parte, um óvulo esquecido resolveu abrigar um vitoriosos invasor. Pouco tempo depois, náuseas e antipatia a odores fortes denunciaram a intenção divina de lhes proporcionar um novo desafio. Não era hora. O jornalista, assustado, pensou em aliviá-la da nova carga. Ela, em dúvida, ressequida entre o medo do procedimento médico e da dura labuta da realidade enfrentada. Mas, ao vislumbrar a angustia da amada, o jornalista se encheu de brios e sentenciou: “é só mais uma boca”. E a união entre o invasor e sua maculada morada fundiu-se em cadeias de DNA, formando proteínas absorvidas dos saís carbonatos que circulavam no viscoso líquido carmim.
Com o passar do tempo, absorvendo cada vez mais partículas da natureza se uniam e se subdividiam multiplicando em diversas formas, dando, a cada uma delas sua função. Não demorou a se tornar mais um ser que romperia, mais tarde, o confortável invólucro em busca da luz. E assim nasceu este poeta descarado.

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